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19 de outubro de 2017

Hospital Velho (19) - Viana do Castelo

foto retirada do blogue: olharvianaodcastelo.blogspot.com

foto retirada do blogue: e-termoeretorno.blogspot.com
Descrição:

Em granito, do séc. XVII, em formato Francês e com escudo Esquartelado, com I e IV - de Portocarrero e de II e III - Rocha.
Sobre o escudo assenta um elmo tauxeado a 3/4 e com timbre de Portocarrero, de um cavalo nascente.
foto retirada do blogue: olharvianadocastelo.blogspot.com

Descrição da casa:

Situado na Praça da Erva (actual Rua do Hospital Velho) ostenta na sua fachada uma inscrição onde é referido o ano da sua edificação (1468), por João Paes, o Velho.
Este Hospital terá tido a sua origem como estrutura de assistência e apoio a peregrinos que se encaminhavam a Santiago de Compostela, a mercadores de passagem, mas também era usado para cuidar das carências básicas de cuidados de saúde.
É um edifício Manuelino, com origem no séc. XV, e remodelado nos séculos XVI e XVII. Apresenta uma planta rectangular de dois pisos com cobertura de telhado de três águas e a sua fachada austera apresenta um arco sobrepujado pelas armas dos Rochas e Portocarreros e dominado por um nicho onde se abriga uma bela imagem do Divino Salvador encimado por um divinal azul celeste com uma grande vieira, que é um símbolo do Apóstolo Sant'Iago e da Ressurreição.
No arco está inserida uma inscrição que estabeleceu os pressupostos e objectivos iniciais do edifício: "Este Hospital e rendas dele instituiu João Pais, o Velho, ano de 1468".
foto retirada do blogue: e-termoeretorno.blogspot.com


foto retirada do blogue: e-termoeretorno.blogspot.com

No seu interior, também quinhentista, apresenta um pátio interior, ao qual se acede através de três arcos muito largos e abatidos de aresta chanfrada.
foto retirada do blogue: hospital_velho_patio CMVC.pt

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A designação de "Hospital Velho" foi-lhe atribuída depois da entrada em funcionamento do Hospital da Misericórdia.
Há quem defenda que essa designação venha da relação do próprio nome de João Paes - o "Velho".
Actualmente o edifício já não tem as funções que exercia ao longo de séculos, tendo sido entretanto adaptada para Posto de Turismo do Porto e Norte de Portugal, em Viana do Castelo e já depois do ano de 2014, recentemente transformada na sede da Associação Internacional de Enoturismo (Aenotur).

foto retirada do blogue: allaboutportugal.pt


História da casa e família:

Esta casa está descrita na obra de "Casas de Viana Antiga", nos seguintes termos:
"Por duas vezes a devota Rainha de Portugal, D. Isabel, mulher de D. Diniz, foi em romagem a S. Tiago de Compostela - diz a tradição que trajando o hábito de peregrino, levando só alforges como bagagem, e duas damas de companhia. Diz-se também que ao passar então por Viana, deparando com a gafaria ao tempo existente no arrabalde de S. Vicente, não longo do caminho que da vila partia para a Ribeira-Lima, foi ela que pediu que ali colocassem uma bandeira indicativa da zona impura. Daí que a esse caminho, cada vez mais debruado por casas, dessem seguidamente o nome de Rua da Bandeira.
Transitoriamente crismado aliás de Rua da Misericórdia nos fins do séc. XVI. Já a tal aludimos ao citarmos as velhas ruas do burgo.
Vem isto a lembrar que Viana ficava pois no caminho de "Santiago da Galiza", que tantos outros peregrinos e romeiros mais obscuros, e doentes, e pobres, calcorreavam também. Por tal motivo parece que havia já na vila em 1440 uma pequena pousada ou hospital que os acolhia na passagem. Necessitava porém de auxilio; e, numa ida a Lisboa, os procuradores Fernão Martins e João Pais, solicitaram-no às Cortes, nesse ano. Em boa hora: da régia generosidade de D. Afonso V obtiveram para essa casa a dádiva de quinze mil réis.
Logo o abade de Serreleis, João Anes, a mandou sobradar. E sua filha Maria Anes, e seu genro João Pais "o Velho" (além de procurador das Cortes, tabelião no burgo) instituíram-lhe por sua vez umas rendas em escritura de 28 de Dezembro de 1468. Mais consignando que os seus descendentes as ficariam as administrar, com obrigação expressa de prestarem anualmente contas de tudo à Câmara - o que cumpriram.
No séc. XVI teve esse encargo um filho ou neto de João Pais com o mesmo nome do seu ascendente, casado com Maria Alves do Cais, "talvez assim chamava por viver nessa rua". Desempenhou-o em seguida seu filho, Bento da Rocha Pais, e depois o filho deste, António Rocha Pais, escudeiro fidalgo, casado com Maria Gonçalves. É ele que vem nomeado no "Livro do Tombo e Gafaria do Hospital de Viana", de 1577.
Dos filhos destes, Catarina, largamente dotada, casou em 1585 com Manuel Alves Gueifar; e o outro, o Dr. Gaspar Rocha Pais, - desembargador, chanceler-mor e vigário da Arquidiocese de Braga - foi instituidor do morgado da Portela de Deucriste, em 3 de Maio de 1609, a favor de seu sobrinho Francisco Rocha, filho de Catarina e de Manuel Gueifar. E ao irmão deste, Gaspar, que porém não teve geração, deu o padroado do mosteiro de S. Bento que o bisavô de ambos Bento Rocha, comprara.
O nome de "Hospital Velho" só foi aliás atribuído àquele edifício pelos vianenses a partir da construção da Misericórdia, de 1586 a 1589, aproximadamente, depois de solicitado pelo Senado do burgo já em 1521. Quanto a outras obras de assistências medievas no distrito além desta, que se saiba só existiram a Gafaria de S. Vicente, em Viana, as albergarias da Ínsua, em Caminha, de Sá e Valadares em Monção, e outra ainda em Caminha, fundada em 1457 por Gonçalo Gil.
Denominava-se, antes, Hospital S. Salvador, o nosso Hospital Velho; pelo que o nicho da sua frontaria se colocou uma piedosa imagem do Senhor da Ressurreição. Encimando a porta arredondada, por baixo dele, perdura, gravada na pedra, a inscrição " Este ospital e rendas dele / instituiu Joam Paaes ho Velho / ano de 1468 ". Entre o nicho e a porta situa-se uma pedra de armas já do séc. XVII, dos Rocha Portocarrero, seus administradores da altura.
Nos fins do séc. XVIII vamos achar uma filha do morgado da Portela de Deucriste - Francisco da Rocha - Benta António da Rocha, casada com António Velho Amaral, capitão da Infantaria paga, filho do sargento-mor João Velho Barreto, morador "na sua casa à rua-do-poço" e um dos próximos descendentes "do antigo notável João Velho, sepultado na capela dos Mareantes". No séc. XIX continua possuidor do Hospital Velho - já extinto então - Gaspar Rocha Pais; que apesar disso, providencia muitas vezes que sejam enviados ainda alimentos aos presos da cadeia e médicos, remédios e mortalha aos pobres... Por ultimo Figueiredo da Guerra considera que, no termo desse século, os Rocha Pais, "senhores que foram do morgado do Hospital Velho" estavam representados agora apenas pelos Rocha Pais Cação (Gaspar Rocha Pais Cação enviuvara de D. Josefa Werneck que lhe deixou dois filhos e duas filhas). Mas porque todos eles morreram sem geração na sua casa de Belinho (um dos rapazes com "mormo", contraído dum alazão que comprara) a família fica então extinta também...
Sofreu esta casa seguidamente, como tantas outras, o abandono, o descalabro, a degradação absoluta. Chegou mesmo ao ponto de total ruína interior. Nos últimos anos, no entanto, parece que se tomou enfim consciência do interesse histórico e estético do pequeno edifício.
Incidindo sobre ele a atenção da Câmara, por 1980 empreendeu-se o seu restauro. E várias ideias se aventam quanto ao seu aproveitamento futuro para instalação de qualquer instituição cultural."



Viana do Castelo - Origens:

"A ocupação humana da região de Viana remonta ao Mesolítico, conforme o testemunham inúmeros achados arqueológicos (anteriores à cidadela pré-romana) no Monte de Santa Luzia.
A povoação de Viana recebera a Carta de Foral, de Afonso III de Portugal em 18 de Julho de 1258, tendo passado a chamar-se Viana, da Foz do Lima.
Até à sua elevação a cidade em 20 de Janeiro de 1848, a actual Viana do Castelo chamava-se simplesmente "Viana" (também referida como Viana da Foz do Lima" e "Viana do Minho", para diferenciá-la de Viana do Alentejo.
Na cidade - que cresceu ao longo do rio Lima - podem ser observados os estilos renascentistas, manuelino, barroco e Art Deco. Na malha urbana destaca-se o centro histórico, que forma um circulo delimitado pelos vestígios das antigas muralhas. Aqui cruzam-se becos e artérias maiores viradas para o rio Lima, e destacam-se a antiga Igreja Matriz, que remonta ao séc. XV, a Capela da Misericórdia (séc. XVI), a Capela das Almas, e o edifício da antiga Câmara Municipal, na Praça da Monarquia (antiga Praça da Rainha), com uma fonte em granito do séc. XVI."
Para além deste Património arquitectónico no pequeno núcleo citadino vislumbram-se casas típicas dessas épocas e com as características e ornamentos aos estilos atrás mencionados.
Dessas casas aparecem pedras de armas afixadas nas fachadas, sendo distribuídas por casas tradicionais, por casas nobres e apalaçadas, cujas personagens justificaram a mercê dada pelo seu rei, quer por actos em prol do País, quer em prol da benemerência e interesses locais ou por razões politicas.
No pequeno núcleo histórico circunscrito entre a linha férrea e o rio Lima e por pequenos passeios pedonais realizados pessoalmente pelo seu interior se destacaram e se recolheram um bom punhado de Brasões, de Heráldica de Família, que se pretende abordar e mostrar neste blogue.
Dos 27 brasões referenciados no mapa, alguns não foram encontrados neste pequeno passeio efectuado em dia e meio, de uma pequena estada naquela linda cidade.  A recolha mereceu também em buscas de sites locais que me ajudaram a enriquecer este projecto de inventariação de brasões de família no núcleo antigo desta cidade.
Provavelmente haverá ainda outros por descobrir nessas pequenas vielas e ruas, e encobertas em muitas casas que apresentam características muito especiais, à sua época a que cada uma delas terá sido edificada. Vislumbramos, portas e janelas lindamente executadas em granito, do barroco ao manuelino, muitas casas ainda sustentam nos seus beirais gárgulas de todos os feitios e igualmente outras pedras de armas, nacionais e da cidade.
À medida que se apresenta cada peça de armas, e sempre que possível, será abordada a descrição da pedra de armas e de uma pequena história, da casa ou da família, efectuada pela recolha na internet e especialmente no blogue "olharvianadocastelo.blogspot" e da obra "Casas de Viana Antiga" que merecem uma especial atenção e um elogio de relevo por se dedicarem exclusivamente ao concelho e à cidade.

Esquema geral da localização das Pedras de Armas de Família - Viana do Castelo

Listagem:
1 - Casa dos Monfalim (séc. XVII/XVIII) - Gaveto do Passeio das Mordomas da Romaria com a Rua Nova de Santana
2 - Casa da Barrosa (séc. XVIII) - Rua Manuel Espregueira, n.º 87
3 - Casa dos Abreu Coutinho (séc. XVIII (?)) - Largo Vasco da Gama
4 - Casa dos Melo e Alvim (séc. XVI) - Av. Conde da Carreira
5 - Capela da Casa da Carreira (séc. XVIII) - Rua dos Bombeiros
6 - Casa dos Werneck (séc. XIX) - Av. Conde da Carreira, n.º 6
7 - Casa dos Pimenta da Gama ou Casa da Piedade (séc. XVIII) - Rua Mateus Barbosa, n.º 44
8 - Casa do Campo da Feira (séc. XVIII) - Largo 5 de Outubro, n.º 64
9 - Casa dos Sousa Meneses - Rua Manuel Espregueira, n.º 212
10 - Casa da Vedoria (séc. XVII) - Rua Manuel Espregueira, n.º 152
11 - Casa da Carreira (séc. XVI) - Passeio das Mordomas da Romaria
12 - Casa Costa Barros (séc. XVI) - Rua S. Pedro, n.º 28
13 - Casa dos Aranha Barbosa - Rua da Bandeira, n.º 174
14 - Casa Barbosa Maciel (séc. XVIII) - Largo S. Domingos
15 - Casa dos Malheiro Reymão (séc. XVIII) - Rua Gago Coutinho e Praça das Couves
16 - Palácio dos Cunhas (séc. XVIII) - Rua da Bandeira
17 - Casa do Pátio da Morte - Rua da Bandeira, n.º 203
18 - Casa dos Pita (séc. XVII) - Rua Prior do Crato, n.º 56
19 - Hospital Velho (séc. XV) - Rua do Hospital Velho
20 - Casa dos Torrados - Av. Luis de Camões, n.º 19
21 - Casa dos Sá Sottomaior - Praça da Republica, n.º 42
22 - Casa dos Agorretas - Gaveto da Rua dos Rubins com Rua Manuel Espregueira
23 - (família desconhecida) - Travessa da Victória, n.º 8
24 - Casa de João Velho ou Casa dos Arcos - Largo do Instituto Histórico do Minho
25 - Casa dos Medalhões, gaveto da Rua do Poço com Largo da Matriz
26 - Casa do Alpuím, Passeio das Mordomas da Romaria
27 - Casa dos Pereira Cirne - Rua da Bandeira, n.º 219 
28 - Casa dos Boto e Calheiros - Rua da Bandeira, n.º 124

fontes retiradas de:
- http://acoutinhoviana.blogspot.pt
- http://www.igogo.pt
- http://www.360portugal.com
- https://www.visitarportugal.pt
- http://vianatrilhos.com
- http://www.minube.pt
- http://olharvianadocastelo.blogspot.pt
- http://www.cm-viana-castelo.pt
- http://www.allaboutportugal.pt
- Obra "Casas de Viana Antiga", de Maria Augusta d'Alpuím e de Maria Emília de Vasconcelos

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